O caminho dos Doces

O caminho dos Doces

 

Se o Europeu conquistou a América, não é exagero dizer que o chocolate- antes mesmo do açúcar e do café – seduziu o velho continente.
Abaixo, reproduzimos parte de um artigo sobre o assunto e no final disponibilizamos um link para levá-lo/la à mais informações a respeito deste tema curioso e, delicioso.

O caminho de uma delícia

Do xocolatl asteca aos bombons europeus, o cacau originário da Amazônia foi produto rentável no Brasil colonial e se transformou no chocolate, adorado em todo o mundo
Isabel Drumond Braga

Quando os castelhanos fizeram contato com os astecas pela primeira vez, no início do século XVI, não era possível prever o quanto esse encontro mudaria o mundo. Populações seriam dizimadas, civilizações desapareceriam, a Europa conheceria um fluxo de metais preciosos capaz de mudar seus rumos, e seus hábitos alimentares passariam por transformações definitivas com a introdução à mesa de novos ingredientes, como a batata, o milho e o tomate. O cacau, uma outra novidade nascida desse encontro, levaria muito tempo até chegar à forma apreciada nos dias de hoje por crianças e adultos das mais diferentes nacionalidades: ele, o chocolate.

Produto nativo da região amazônica, o cacau se espalhou pelas florestas tropicais da América, sendo consumido pelas populações indígenas do continente. Os maias do período clássico (séculos III–X) foram os primeiros a cultivar o fruto de forma sistemática: usavam as favas como moeda e descobriram que as secando, moendo e misturando com água se obtinha uma bebida – o xocolatl. O cultivo do cacau passou ao povo toltec (séculos X–XII) e, posteriormente, aos astecas (séculos XII–XVI), que também o utilizavam como moeda e como bebida nutritiva consumida quente ou morna, considerada fortificante e afrodisíaca, à qual juntavam baunilha, especiarias – como a pimenta – e farinha de milho.

No Brasil, o cacau era inicialmente colhido pelos índios nas matas da Amazônia. Mas a Coroa portuguesa não demorou para perceber seu valor econômico e, assim, ordenou seu cultivo em ordem régia de 1º de Novembro de 1677. Na verdade, desde os primeiros relatos dos descobridores, a planta do cacau e a bebida despertaram a atenção no velho continente. As referências e as descrições do cacau, do cacaueiro ou da utilização das amêndoas como moeda e as alusões ao consumo da bebida foram abundantes por parte de viajantes, cronistas e até médicos. A primeira carga chegou a Sevilha em 1585, como tributo sobre a produção mexicana. Logo os castelhanos se esforçaram para intensificar a produção, para atender a demanda do consumo de cacau que se espalhava por outros reinos europeus. Mas é apenas no século XVII que os castelhanos passam a ter uma “paixão obsessiva” pelo chocolate, quando a bebida já tinha sofrido diversas transformações. A mais importante, atribuída aos carmelitas de Oaxaca, no México, constituiu em acrescentar açúcar de cana ao cacau e à baunilha, ao mesmo tempo em que suprimiram as especiarias anteriormente misturadas.